8 de nov. de 2007

Plantas adaptógenas para enfrentar o stress

Elas fortalecem suas defesas, melhoram o funcionamento do cérebro e ainda dão energia extra. Ou seja, seu corpo fica pronto para encarar situações de pressão.
Imagine-se dias antes daquela reunião de trabalho tomando uma fórmula à base de plantas para controlar o nervosismo, raciocinar com clareza e expor suas idéias com desenvoltura. Em tese isso até é possível. E, fique bem claro, ninguém está defendendo beberagens com promessas milagrosas nem mezinhas da vovó.
A idéia é lhe apresentar um grupo de plantas cada vez mais investigadas - as espécies adaptógenas. Esse adjetivo não é à toa. Elas são rotuladas assim pelos cientistas porque têm a capacidade de adaptar o organismo a situações, digamos, não muito fáceis - e você, na certa, sabe que o dia-a-dia está recheado delas.
"Como essas plantas atuam na resposta do corpo ao estresse, acabam estimulando o sistema imune contra as infecções e ainda melhoram o raciocínio e a memória", resume o biomédico Fúlvio Rieli Mendes, da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp.
A lista das adaptógenas é enorme. No Brasil, afirmam os pesquisadores, há mais de 40 espécies com esse efeito, tais como catuaba, carqueja, erva-de-santa-maria, damiana e erva-mate, só para citar algumas. Isso sem falar em frutos 100% nacionais que também são ricos em compostos adaptógenos, como o cacau, o açaí, o guaraná, o buriti e o jatobá.
A planta antiestresse mais famosa de todas, porém, é a Panax ginseng, que não é nativa daqui. Ela veio da Coréia e é um dos fitoterápicos mais consumidos no planeta - um planeta, por sua vez, cada vez mais estressante, onde imperam as pressões e não faltam más notícias. A boa nova: algumas das adaptógenas tipicamente brasileiras não ficam nada a dever à celebridade coreana.
Um dos exemplares adatogénos brasileiríssimos é a Pfaffia glomerata, espécie comum em várias regiões do país. De tão eficaz foi inevitavelmente comparada à planta coreana e se popularizou com o nome de ginseng brasileiro. Uma série de estudos conduzidos pelo farmacêutico Luís Carlos Marques na Universidade Federal de Maringá, no Paraná, comprova sua ação adaptógena. "Ela melhora o sono provavelmente por diminuir o estresse. E, em conseqüência, dá mais disposição em todos os sentidos, inclusive o sexual. Além disso, estimula a memória e facilita o aprendizado", enumera o pesquisador.
Outra planta verde-e-amarela que apresenta ótimos resultados é a nó-de-cachorro, muito usada nas populares garrafadas medicinais do Centro-Oeste do país. Experimentos com ratos idosos que usaram por um período longo a Heteropterys aphrodisiaca - esse é o nome científico - mostraram uma capacidade de aprendizado e memória muito superior a dos animais que não foram tratados com a espécie. Aliás, comparados com cobaias em plena juventude, os animais já bem velhinhos que se fartaram do remédio aprenderam novas habilidades com a mesmíssima facilidade. "Agora os testes estão sendo feitos em seres humanos e os primeiros resultados são surpreendentes", antecipa Fúlvio Rieli Mendes, um dos autores do trabalho feito na Unifesp. Ele e seus colegas da área de fitoterapia ainda não sabem exatamente quais as substâncias responsáveis pela melhora geral do organismo observada tanto nos animais quanto nos voluntários. "Uma classe de substâncias conhecidas como saponinas parece estar por trás desses efeitos. Elas são muito presentes em quase todas as plantas adaptógenas", comenta Luís Carlos Marques.
Quem se sente esgotado pode se beneficiar de remédios à base dessas plantas. No entanto, é bom que se diga, os efeitos revigorantes não vêm de bate-pronto. "Nota-se a diferença de ânimo só depois de alguns dias de tratamento", avisa Fúlvio Rieli Mendes. Isso porque os adaptógenos precisam modificar funções fisiológicas, o que não ocorre da noite para o dia. A recomendação é que o uso do fitoterápico se prolongue por três meses. Depois é preciso dar uma pausa de um mês para eliminar os excessos do corpo e, então, se for indicado, retomar o tratamento.

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